quinta-feira, 24 de setembro de 2009

existe uma parte absurdamente hedonista dentro de mim. ela é fonte de energia secreta. é o desejo de sentir por perto, por dentro e pra sempre os bons prazeres que não me deixa entregar esse corpo e alma pra outra parte.
pra dizer que as coisas estão mudando. na marra. pro bem ou pro mal. do jeito que está, não nasce a vida necessária e crescem ervas daninhas e outras pestes incovenientes. é emprego novo, é menos tempo pra decidir o que fazer e mas pressão e motivos pra se decidir logo o que fazer. é hora de ser mais objetivo, e transformar a subjetividade em degraus concretos para que a mesma se configure em algo visível, afinal eu sou um ser visual. e vivo da imagem.
eu não me suporto em algumas vezes por repetir mesmos erros e hábitos cotidianos ridículos, normais para a maioria esmagadora dos meus amigos. só que acho que certos costumes meus que pra alguns são divertidos e engraçadinhos, não são tão legais assim aqui por dentro..
preciso tomar rumo. urgente. urgente.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Bom dia mundo.

havia dito que queria sonhar comigo no lugar de Satsuki e Mei, voando em cima de um pequeno pião e tocando ocarinas com o Totoro, o Totorinho o Totorão. na verdade eu sou o Totorão, peludo e pançudo. dizem que a gente não pode tentar prever o sonho que teremos. faz sentido. há quem diga também que isso aqui, agora pode ser um sonho, e lá naquelas horas da noite é que se encontra a vida real. pensando bem, é tudo igual, desprovido de sentido. mas marcante e vivo. eu me sinto vivo, mais vivo do que nunca. é sentir um medo, e logo em seguida dar um sorrisinho safado, de um lado só do lábio e dizer, ah, é só um medinho.

Viver é um eterno teste de sanidade. somos todos umas baratinhas que ainda tão aí, resistindo a essa maluquice diária, acostumamos a conviver com todo tipo de deterioração, sujeira e cenários hostis em troca de migalhinhas em forma de IPods, belas roupas e um teto - com uma net de conexão banda larga ). Mas são as baratinhas mais espertas e safadas que vão se divertir mais, elas devem ser muito cínicas, só pode. sao as carochinhas mais gordas e felizes essas.
as vezes me pego assim, pensando meio que nem uma criança. e querendo me sentir plenamente uma criança, que vê Totoros por aí. que persegue baratas e as guarda numa caixa de fósforo pra jogar numa prima insuportável. e que se lembra duma história que a mãe contava sobre sementes que eram mandadas por Deus pela chuva e que era assim que brotavam os alimentos da terra.
sabe, as sementes mágicas virarão árvores gigantes de madrugada, mas voltam a ser brotinhos de manhã. é preciso acreditar e sentir que tudo só está apenas nascendo, denovo e denovo.

vivos, com a graça de tudo que é bom.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009




coisas de noivo. e de novo. (L)

Corridinho - Adélia Prado

O amor quer abraçar e não pode.

A multidão em volta,

com seus olhos cediços,

põe caco de vidro no muro

para o amor desistir.

O amor usa o correio,

o correio trapaceia,

a carta não chega,

o amor fica sem saber se é ou não é.

O amor pega o cavalo,

desembarca do trem,

chega na porta cansado

de tanto caminhar a pé.

Fala a palavra açucena,

pede água, bebe café,

dorme na sua presença,

chupa bala de hortelã.

Tudo manha, truque, engenho:

é descuidar, o amor te pega,

te come, te molha todo.

Mas água o amor não é.



e eu acredito de verdade nisso. a razão é que ainda não sei.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

:: P R E SS ::

Tem uma simpática resenha sobre meu trabalho com os desenhos dos hominhos que desenho publicada hoje na Coluna G do Jornal O POVO de Fortaleza. podem conferir a matéria pelo link http://www.opovo.com.br/opovo/colunas/cenag/908599.html . Agradecimentos especiais ao Roberto e ao Emerson pelo espaço. :D

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terça-feira, 8 de setembro de 2009

queria tanto que você fosse assim denovo...



mas nada volta. nada.

revolta





Geralmente não posto aqui material relacionado à notícias ou algo que está sendo mega ultra falado na mídia, pois sei que existem vários outros blogs e portais de news que fazem isso com muito mais competência. é um blog puramente pessoal e confessional, nada mais. porém há fatos que são impossíveis de ficar em silêncio perante a perplexidade que ela me deixa. Estou chocado, revoltado com o episódio de agressão na boate A Loca de São Paulo. Dois jovens, sendo a moça filha do cineasta Zé do Caixão, e um escritor de livros sobre Vampiros chamado Kizzy Ysatis (pseudônimo de Cristiano Marinho)foram brutalmente agredidos por seguranças por causa de uma suposta comanda não paga. o relato do própro Kizzy - que sofreu os piores ataques - pode ser conferido no seu blog: http://kizzyysatis.blogspot.com/ e a notícia pelo site do G1 http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL1293213-5605,00.html
. não tive coragem de postar as fotos do rosto completamente deformado e surrado de Kizzy. choque.

A Loca é uma das casas de SP que ainda não conheço. estava com muita vontade de ir lá. são 13 anos de histórias e lendas da cena noturna paulistana que dizem muito sobre uma rica cultura underground. vários amigos meus sempre me contavam como se divertiam lá. ávido para conhecê-la, agora não mais.
Sei que já ocorreram coisas piores como no caso da Canto, durante a parada desse ano, mas parece que nada foi feito. me choca ainda mais ter lido que esse tipo de tratamento é comum em várias casas. isso não pode continuar. esses lugares merecem ser fechados pra sempre e seus responsáveis punidos severamente. a humilhação de quem foi tratado como um cão sarnento não tem preço.
Nunca presenciei algo tão violento aqui em BH assim,- mas não posso dizer que não ocorram - quando trabalhava na noite - na maior e mais famosa casa GLS daqui- pelo menos não vi pessoas serem agredidas pelos seguranças, mas também já vi MUITAS vezes clientes serem retidos até bem tarde do dia seguinte na casa..Quem trabalha com noite deveria saber que está lidando com gente bêbada, que perde a cartela ( aliás, cartela, comanda..é algo tão atrasado..um pedaço de papel é patético quando ja existem cartões eletrônicos que controlam o consumo ). quem vai pra balada está indo pra se divertir, beijar, dançar loucamente, ficar bêbado, louco, colocado e ser feliz, mesmo que por poucas horas. agora,apanhar. not.
de todo modo, fica aqui minha tristeza e revolta. esse simples post, espero que alerte mais pessoas a não irem na Loca, por mais triste que seja e pelas pessoas que não têm nada a ver com essa vergonha, mas que pagarão pelos nós cegos, como diz meu pai.

Algo que chamou minha atenção foi o fato de não ver esse horror divulgado e falado em sites GLS e de cultura noturna como o Mix, A Capa e Erika Palomino, por exemplo. sites que cobrem a noite de SP e sempre divulgam as festas da Loca. Estranho..muito estranho...

há pouco tempo atrás, circulava um abaixo assinado a favor d´A Loca contra uma tentativa de uma líder da associação de moradores - homofóbica - que pretendia fechar a casa, alegando que ela trazia violência, promiscuidade e depredação ao bairro. o abaixo assinado ainda está no ar: http://www.aloca.com.br/abaixoassinado/

Apoiei a Loca na época, mas estou arrependido. tudo isso que acontece lá só dá razão e argumentos para os homofóbicos e pessoas que querem ver os gays que frequentam a Loca bem longe. ponto para a intolerância. nada, nada justifica o rosto quase esmagado e cheio de hematomas e machucados de Kizzy.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

vaidade



Já faz algum tempo, diria que uns 4 anos, conheci um menino numa balada em BH. o nome dele era Nico, e me lembro que ele havia me convidado pra conferir seu lounge, em um dos vários ambientes que tinha na festa. Nico é um dos Djs mais experimentais e criativos que já conheci.Naquela noite ele tocava uma mistura de mantras orientais com batidas electro, muitas flores, incensos e outras coisas do tipo davam um clima místico. Ele é daqueles hippies modernos, que não se apega a nenhum lugar, pessoas, mundo. sempre viaja e tá envolvido em algo novo e divertido. Nico é inquieto, é comunicativo e muito, muito simpático. ainda estou meio envergonhado de ter passado por ele correndo apressado na última vez que o vi na rua. Sempre é bom bater papo com ele. Num desses bate papos, ele me diz que tempos atrás, ele queria algo comigo, algo romãntico, mas que não acabou acontecendo, sem correspondência.

" Você era muito vaidoso. " me disse Nico.
fiquei meio surpreso, sem resposta. acho que ninguem fica normal quando estão falando de você, abertamente.
" Mas tudo bem, você é artista, e todo artista é vaidoso mesmo."

somos bons amigos hoje. mas hoje me lembrei dessa frase do Nico, sobre a vaidade que os artistas têm. Hoje foi um dia especialmente irritante profissionalmente. Levei uma puta-mega-ultra bronca no trabalho, por email dos chefes que viajam fora neste momento. resumindo: havia entendido que poderia trabalhar em casa já que mandariam materiais por email. é bem daquele tipo de puxão de orelha MESMO. ainda estou processando tudo pra chegar a uma conclusão se o sapo foi merecido ou não. mas estou pensando nisso agora, a tarde toda, a noite toda. essa vaidade e ego ferido dos que se consideram artistas. o que é ser artista nesse mundo real? Como manter algum tipo de orgulho artístico nesse cenário? faz diferença no meu micromundo me afirmar como artista perante necessidades, demandas e cobranças de resultados imediatos?
não vou ficar me lamentando sobre os pepinos e coisas chatas do trabalho nem dos meus chefes, acho um pouco deselegante fazer isso na net e também acho chato. Façamos isso na mesa do bar com cerveja, é melhor.
mas estou intrigado, a questão está tendendo seguir um eixo metafísico, e isso é perigoso. Quando o Nico me chamou de vaidoso, acho que consigo entender. Ainda mais ser artista no Brasil, a única coisa que temos mesmo é alguma aura que nos apegamos. uma fé, uma mística, um alento. é impressionante como o artista é um ser frágil e ao mesmo tempo forte. As vezes me sinto preso em um filme em slow motion. Acho que entendo quando pessoas muito famosas perdem a cabeça, ficam loucas. o artista é vaidoso sim, mas não poderia ser diferente disso. não faz sentido em ser tímido e não se despir de alguma forma. isso é prazeroso, isso é erótico. cada reação, cada elogio, cada deslocamento mínimo de lugar é uma sensação fantástica de poder, de manipulação, que seja de um milésimo de segundo. um jogo. mas isso tem seu preço, essa vaidade. é se tornar refém dos próprios fetiches, é uma eterna insastisfação, é ficar o tempo todo em pânico olhando pela fenda da cortina do palco e contando quantas pessoas estão entrando no teatro. se afirmar como artista é um desafio que testa todas suas noções de sonho, de ridículo, de humano, de especial e de banal. tem horas, que dá vontade de ser a mais banal das criaturas, como agora, mas já percebo a contradição, pois um ser "comum" estaria dormindo no mais profundo sono agora, sem tempo e pretensões de que alguém pudesse ler seus desabafos. não adianta. Nico tava certo.

quarta feira.



depois de 10 de manhã.
eis que coloquei minha cabeça no travesseiro
e ele aparece e me pergunta:
Você vai até onde? posso ir com você?
eu digo
Mas eu quero que você vá comigo.
eu só não sei se você gostará de lá quando chegar.
isso não importa, é tudo sonho mesmo.