segunda-feira, 23 de março de 2009

uma surpresa



Peguei o ônibus respirando poesia, com o coração batendo mais forte e mais lento ao mesmo tempo. Engasgado por não ter conseguido dizer tudo que gostaria de ter dito a você a tempo. Por isso eu quero escrever agora. Não me importo se você jamais lerá. Até porque eu acho que vou te escrever, não sei. Talvez não precise.

Ficamos 3 anos sem se falar. Nos reencontramos no último dia meu e seu nessa cidade. Você foi pra longe, bem longe. Eu vim pro cerrado. Definitivamente não temos nada a ver, exceto por uma coisa que eu realmente desconfio: a maneira como você dorme em meus braços e a minha satisfação em fazer isso.

Esbarrávamos-nos na vidinha clubber dessa BH, tantas vezes que se tornou natural ignorar a presença um do outro, abrir uma cerveja e curtir o resto da noite e cantar o refrão do Goldfrapp. Me acostumei a tratar você na minha mente como mais um, mais um número da minha estatística pessoal de desamores, das minhas tabelas de romances que não deram certo. Tudo com muita risadinha maliciosa, é claro. Pra no fundo, esconder aquela magoazinha, aquela dorzinha de cotovelo.

Eu realmente não esperava te rever. Pior. Eu realmente não esperava por nada que pudesse vir de você algum dia para mim. Nada. Ok, assumo que caras como você, frios, de poucas palavras, insensíveis boa parte do tempo, que ignoram o mundo alheio com uma facilidade que me impressiona, de certa forma me despertam uma atração bizarra, mas realmente você conseguiu me surpreender.
Jamais imaginaria que você surgiria daquele jeito, me interrompendo no meu novo prazer que é beber como se estivesse realmente num pub, sozinho no balcão, sentadinho. Quietinho .

Não importa se todo o contexto de despedida e pieguice influenciou. Não importa se estávamos bêbados, não importa nada mais. O que importa é que eu fiquei muito feliz e emocionado. Talvez a gente não se encontre mais nessa vida, eu entendo. Talvez não tenha passado dali, esse momento tão bonito. Mas pra mim, vale o que ficou. O que ficou foi uma sensação muito boa e de paz. De leveza. As pessoas vêm e vão embora de nossas vidas em silêncio e fica por isso mesmo. Mas você foi embora e me deu um dos mais, se não o mais belo presente que eu espero receber, ou ouvir de alguém :

“__ Você me fez muito bem.”

Não me resta outra coisa a dizer se não o mesmo. Por isso e tantas outras coisas de você, eu me sinto ótimo agora. Eu não quero me esquecer de você. Ainda sinto o cheiro doce do seu corpo.
Até algum dia nesse mundo absurdo e fantástico.

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Um comentário:

paulo raic disse...

depois fala de mim kkkkk