terça-feira, 11 de dezembro de 2007

JUNIOR


eis que ganhei um exemplar numero 02 da revista Junior. Durante uma festa de lançamento da mesma, na boate onde trabalho como fotografo. Achei a primeira vista, um grande avanço de fato, no quesito publicações com temática abertamente gay, ou de certa forma com conteúdo voltado a esse público, apesar de não gostar muito de rótulos e categorias assim. de todo modo, a revista realmente preenche uma lacuna nesse espaço das bancas. grandes anunciantes como Diesel e Cavalera, bela diagramação, o ponto forte da revista é o visual.

as matérias, o conteúdo de fato, ainda pesa naquele território imaginavel e idealizado do gay-perfeito e sofisticado, por mais que a revista queira causar um certo desconforto nesse pensamento comum, ( com a divertida matéria sobre o estereótipo da bichinha pão com ovo e materia curta sobre homens que têm pêlos no corpo hoje em dia ), ela volta e cai no mesmo lugar que sempre acomete esse tipo de material, pois a revista precisa vender, pois gays tem dinheiro, e querem é claro, corpos sarados, marcas caras e outras coisas ligadas a sofisticação, yes nós queremos hype.

interessante
tb a resenha que a Folha Online fez à revista comparando ela com uma capricho gay:

Revista "Junior", uma "Capricho" gay?

SÉRGIO RIPARDO
Editor de Ilustrada da Folha Online


Mostrar imagens de homens sarados (com o pênis ereto, de preferência) sempre foi o caminho mais fácil de conquistar a atenção dos gays (assumidos e enrustidos). Há uma necessidade real de estímulos para o prazer, em um mundo em que a nudez masculina ainda é vista como algo grotesco, imoral e de mau gosto. Nos últimos dez anos, a "G Magazine" apostou na fórmula de exibir a genitália de modelos, "big brothers", jogadores e aspirantes à fama. Neste mês, surgiu uma novidade neste mercado: chegou às bancas a "Junior" (R$ 12), revista de André Fischer e da editora Sapucaia, apostando em uma nova percepção das necessidades do público GLS.

São 116 páginas, em uma edição com acabamento primoroso. Folheando a revista, a primeira surpresa é a presença de anúncios de marcas internacionais, como Diesel e Calvin Klein. Lá fora, não é de hoje que essas grifes costumam colocar seu dinheiro em publicações com conteúdo gay, como a revista norte-americana "Out", a francesa "Têtu", a belga "Gus", a australiana "DNA", inspirações de "Junior". No Brasil, ainda havia uma resistência de grandes anunciantes em entrar explicitamente no mercado editorial gay. A "G", por exemplo, em seus editoriais, sempre reclamava dessa ausência.

É evidente que uma publicação como a "Junior" atingirá um público mais amplo do que uma revista de nu frontal, considerada "imprópria para menores". Em grupos de discussão sobre o novo título, há uma comparação interessante: a "Junior" seria uma "Capricho" gay, em referência à famosa revista de meninas. Ou seja, o seu foco é o novo homem, os garotos que cresceram em uma ambiente social mais tolerante com a busca pela igualdade de direitos, com a diversidade sexual.

Na era da internet, esses meninos sabem achar fotos e vídeos de sexo gay com a mesma agilidade com que conversam com mais de uma pessoa em programa de mensagens instantâneas. Não gastam seu dinheiro com revistas de nu. Buscam o "algo mais" --seus interesses não se limitam ao sexo, mas englobam também áreas da cultura, como música, moda, estilo e comportamento.

Para atender a essa demanda de mercado, perde espaço a abordagem tradicional dos temas preferidos da militância (como a agenda política e legislativa e denúncias de homofobia). Ao privilegiar os apelos visuais, a revista tenta falar a língua do seu público, cativá-lo, embora também abra espaço para uma crítica ranzinza e anacrônica sobre uma despolitização, uma pauta de frivolidades, uma alienação com o mundo cor-de-rosa.

Para os mais jovens (ou juniors, com o perdão do trocadilho), o ativismo político, que marcou gerações anteriores de gays, virou retórica vazia, já era. A sigla "GLS" é vista como um conceito démodé, de tiozinho. No universo da garotada desencanada, em geral da classe média urbana, "gay" e "lésbica" são apenas rótulos, que aprisionam a sexualidade e, claro, criam problemas na família, na escola e na rua. O que eles querem saber é o que comprar, o que vestir, qual o som do momento, qual a última dos seus ídolos. Tudo isso eles encontram na "Junior", cujo segundo número deve sair em novembro. A partir daí, é esperar para ver se a fórmula comercial e editorial "pega" e como a concorrência reagirá a essa nova onda.




Um comentário:

Jackson Morais disse...

A gente vai ter revistas que tratem de assuntos mais variados e talvez nem sejam lidas apenas por gays. Gostei bastante da Junior #2.
;-)